sábado, 5 de fevereiro de 2011

MOMENTO DA HISTÓRIA

Sabemos que Santos-Dumont é o pai da aviação. Porém, muitos não imaginam de onde vieram as idéias de voar que Santos-Dumont buscava desde a infância. Muitas dessas idéias vieram das histórias fascinantes de Julio Verne lidas na infância. Mas boa parte da inspiração para os projetos grandiosos de que o homem um dia poderia voar, idealizada desde sua infância em meio às brincadeiras com os amigos, eram de quase 200 anos antes. Eram de um brasileiro que se destacou com inventos criativos e surpreendentes para época. A inspiração vinda deste simplório inventor serviu de exemplo de dedicação e perseverança criativa para Santos-Dumont. Anos mais tarde, ele surpreenderia a Cidade de Paris com o vôo do mais-pesado-que-o-ar. Este brasileiro que poucas pessoas conhecem, ou mesmo ouviu falar, foi o Padre Bartolomeu Lourenço de Gusmão.

PERSONAGEM DA HISTÓRIA
Em dezembro de 1685, nascia Bartolomeu Lourenço de Gusmão na então Vila de Santos, em São Paulo. Fez os estudos primários em Santos, Com idéias avançadas para sua época, logo se destacou, seguiu para o Seminário de Belém (Bahia), a fim de completar o Curso de Humanidades, vindo a filiar-se à Companhia de Jesus. Em 1705, com apenas 20 anos de idade, requereu à Câmara da Bahia, o privilégio (o mesmo que patente) para o seu primeiro invento. Era um aparelho que fazia subir a água de um riacho até uma altura de cerca de 100 metros. A água não precisaria mais ser transportada morro acima nas costas de homens ou em lombo de animais.

Entre 1708 e 1709, Bartolomeu de Gusmão, já ingresso no sacerdócio, embarcou para Lisboa, capital do Império, onde aprofundaria seus conhecimentos. Na Universidade de Coimbra realizou profundos estudos da Ciência Matemática, além das Ciências de Astronomia, Mecânica, Física, Química e Filologia, isto sem falar no exercício da Diplomacia e da Criptografia, atendendo designação de D. João V, tendo se bacharelado em 5 de maio de 1720 e completado o Curso de Doutoramento da Faculdade de Cânones, da Universidade de Coimbra, em 16 de junho de 1720.
Foi com uma bolha de sabão que se elevou ao se aproximar do ar quente da chama de uma vela que germinou a idéia de Gusmão para a diferença entre as densidades do ar. Ou seja, um objeto mais-leve-que-o-ar poderia então voar!
Em 1709, anunciou à corte que apresentaria uma "Máquina de Voar". Em 19 de abril daquele ano, recebeu autorização do Rei D. João V para demonstrar seu invento perante a Casa Real. Em 3 de agosto de 1709 foi realizada a primeira tentativa na Sala de Audiências do Palácio. No entanto, o pequeno balão de papel aquecido por uma chama incendiou-se antes de alçar vôo. Dois dias mais tarde, uma nova tentativa deu resultado: o balão subiu cerca de 20 palmos, para verdadeiro espanto dos presentes. Assustados com a possibilidade de um incêndio, os criados do palácio se lançaram contra o engenho antes que este chegasse ao teto, pois a maior parte do palácio era feito de madeira.
Três dias mais tarde, no dia 8 de agosto de 1709, foi feita a terceira experiência, agora no Pátio da Casa da Índia perante D. João V, a rainha D. Maria Anad e Habsburgo, o Núncio Cardeal Conti, o Infante D. Francisco de Portugal, o Marquês de Fonte, fidalgos e damas da Corte e outros personagens. Desta vez, foi um sucesso absoluto. O balão subiu lentamente, indo cair, uma vez esgotado a chama. Havia sido construído o primeiro engenho mais-leve-que-o-ar. O Rei ficou tão impressionado com o invento que concedeu a Gusmão o direito sobre toda e qualquer nave voadora desde então. E para todos aqueles que ousassem interferir ou copiar-lhe as idéias, a pena seria a morte.
O invento do Padre chamou-se “Passarola”, em razão de ter a forma de pássaro, crivado de multiplicados tubos, pelos quais coava o vento e a encher um bojo que lhe dava a ascensão; e, se o evento minguasse conseguia-se o mesmo efeito, mediante uma série de foles dispostos dentro da tramóia. A concepção e realização do aeróstato por Bartolomeu de Gusmão mostrou o passo gigantesco que representou sua invenção, idealização. O que mais tarde deveria sair à aeronave, sendo corretamente considerado Bartolomeu Lourenço de Gusmão o “Pai da Aerostação”.
O Padre Bartolomeu Lourenço de Gusmão faleceu em 19 de novembro de 1724, em Toledo, na Espanha.
Bartolomeu de Gusmão se incorporou à série das figuras que pertencem à história da Humanidade, no campo das ciências com sua invenção notabilíssima, integrando a galeria das nossas glórias nacionais e nas do Mundo, com o primacial relevo que assumiu na prioridade da navegação aérea.

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